Notes on co-production exercises between academia and social movements

By: Antonio Gori

«Aucun “je” dans ce qu’elle voit comme une sorte d’autobiographie impersonnelle – mais “on” et “nous” – comme si, à son tour, elle faisait le récit des jours d’avant »

(Annie Ernaux, Les Annés, 2008: 252)

My research aims to trace the history of the housing struggle movements in the city of Lisbon over the last decade. In doing so, I focus on the activities of two groups of which I have had the pleasure and honour of being a member for several years now: the Habita association and the Stop Despejos collective.

The choice to study these two organisations stems not only from the fact that they are the two main protagonists of this type of instance in the Lisbon Metropolitan Area, but also because they are the organisations I am participating in. This would have allowed me to paint a picture from a privileged position that, ethical issues aside, could give originality to my thesis and also possibly help the two organisations to improve their functioning, their actions and their self-perception.

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Multispecies organizing: “de-anthropocentering” management practices in the city

By: Leticia Fantinel

Organizations are omnipresent in our lives. We are born in hospitals, we study in schools, we work for companies, and when we die, we go to cemeteries. Organizations represent one of the main instruments for mediating our relationships with other human beings, with our cities, or even with the environment and other animals. Organizations make possible animal exploitation in complex food systems and laboratory experimentation. Organizations coordinate human and non-human work in assisted therapies, as well as in aquariums and zoos. Furthermore, it is through organizations that public management intermediates our relationships with multiple non-human populations in our cities. The latter was the subject of a project we developed in Brazil.

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Screening the Precarious Spaces of Home Across Europe

By: Anna Viola Sborgi

On September 19, 2022, a public screening entitled Espaços Precários da Habitação na Europa – Precarious Homes Across Europe took place at ICS-ULisboa. The screening showcased work of four emerging women filmmakers: Ayo Akingbade’s Dear Babylon (2019, United Kingdom), Leonor Teles’s Cães que Ladram aos Pássaros (2019, Portugal), Laura Kavanagh’s No Place (2019, Ireland and United Kingdom) and Margarida Leitão’s Gipsofila (Portugal, 2015). After watching the films, filmmaker Margarida Leitão and researchers Roberto Falanga and Mariana Liz joined me in an interdisciplinary conversation on cities, their inhabitants, gentrification and film. Members of the audience, which included participants in the Cinema e Ciências Sociais Summer School that was taking place at ICS-ULisboa in those very days, also asked questions and contributed to the discussion.

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Co-Produção: A Inteligência Humana ao Serviço das Nossas Cidades

Por: Diogo Martins

Estamos sempre a falar em cidades mais inteligentes, com sensores, inteligência artificial, com software que irá gerir tudo ao pormenor, com tecnologia que nós, hoje, não conhecemos. Mas em que medida toda esta tecnologia traz benefícios às pessoas que habitam e frequentam as cidades? E estaremos a tirar partido da inteligência dessas pessoas para melhorar as nossas cidades?

A minha proposta é explorarmos formas de voltar às pessoas, sem deixarmos de evoluir e usar tecnologia. A co-produção é ainda pouco utilizada no nosso dia-a-dia e por isso não vemos efeitos práticos disso nas nossas cidades com a frequência que é desejável.

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Metápolis: “nem tudo que é sólido se desmancha no ar”

Por: Mariano Macedo

Essas notas visam problematizar o conceito de Metápolis de forma a referenciar a discussão sobre o futuro das cidades. Coloco 4 questões para reflexão.

A primeira questão é relativa ao conceito de metápolis e porque esse conceito emerge como relevante no momento atual de nossa história.  À semelhança de metápolis, outros conceitos vêm se afirmando: cidade informacional, cidade pós-moderna, cidade pós-fordista e pós-metrópolis.      

Esses conceitos procuram identificar as tendências que estão marcando a transição da metrópole tradicional para a metápolis e visam apreender as suas características socioespaciais e conformação morfológica.

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Planeamento Territorial no Quadro de Financiamento PT2020 – algumas reflexões

Por: André Pereira

O projeto SOFTPLAN tem como objectivo analisar a evolução de práticas de soft planning (paralelas e complementares ao sistema de gestão territorial português),  particularmente a partir da forma como a União Europeia, através da Política de Coesão e dos Fundos Estruturais de Investimento, tem vindo a fomentar a implementação destas práticas.

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MUNICÍPIOS EM PERDA DEMOGRÁFICA:REFORMATAR REFERENCIAIS, VER MAIS LONGE, CRIAR NOVAS OPORTUNIDADES

Por: João Ferrão

Declínio demográfico: uma geografia diferenciada

Durante o período das designadas Grandes Navegações Portuguesas (séculos XV e XVI), Portugal tinha cerca de 1 milhão de habitantes. Em 1640, quando o país restaurou a sua independência em relação à governação castelhana, a população total do continente e ilhas pouco ultrapassava aquele valor. Em 1910, aquando da implantação da República, éramos quase 6 milhões. As estimativas do INE mostram que em 1964 atingimos um pico secundário de um pouco mais de 9 milhões de habitantes, iniciando-se então uma quebra provocada pela intensificação dos movimentos emigratórios, que apenas foi estruturalmente invertida, a partir de 1974, com o regresso de populações provenientes das ex-colónias e, mais tarde, com diversas vagas imigratórias, mantendo, a partir daí, valores próximos dos 10 milhões de habitantes, ainda que com oscilações.

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Lisboa Inovadora e Inclusiva – notas de trajetória, investigação e outros quereres

Por: João Felipe P. Brito

Há doze anos, no Rio de Janeiro, enquanto eu iniciava uma investigação sobre a criação de um novo bairro nos arredores do maior complexo penitenciário da América Latina, não imaginava que a vontade de compreender os porquês daquele processo me traria, um dia, a Lisboa. Aquela inquietação intelectual diante das desigualdades das cidades brasileiras e da mudança social em ambiente urbano resultou em uma dissertação de mestrado sobre estratégias políticas e econômicas que buscavam ressignificar e revalorizar um tradicional e decadente bairro industrial carioca, Bangu, lugar onde nasci e onde primeiro vi o mundo.

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Lisboa verde oriental – entre parques, hortas e corredores verdes

Por: David Travassos

Foto 1 – A zona oriental de Lisboa oferece uma coleção diversificada, e até surpreendente, de lugares e áreas verdes (exemplo do Parque do Vale do Silêncio). Fotografia do autor.

A zona oriental de Lisboa oferece uma colecção diversificada, e até surpreendente, de lugares e áreas verdes propícias ao lazer e contacto com a natureza em espaço urbano. São múltiplos ambientes, alguns ainda pouco conhecidos pela maioria dos lisboetas, incluindo lugares marcados pelas memórias do passado rural que caracterizou este lado da cidade até meados do século XX. Este território tem vindo a beneficiar da abertura de uma série de novos espaços verdes, parques hortícolas, ciclovias e percursos pedonais, incluindo a requalificação ambiental e paisagística de áreas degradadas. Somam-se ainda novos quiosques e esplanadas, parques infantis, equipamentos e circuitos de manutenção, que possibilitam um melhor usufruto destas áreas.

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Cidades inteligentes para quem? Notas de um estudo de caso sobre Lisboa

Por: Tomás Donadio

No enquadramento de um dos temas indicados para o Blogue SHIFT em 2022, este texto discute um tópico particular sobre o futuro das cidades: as cidades inteligentes. Apesar de ser um conceito relativamente recente, certamente a sua utilização está na moda. O termo é atualmente empregue por diversos atores urbanos, como formuladores de políticas, políticos e académicos. No entanto, é encontrado com maior assiduidade em discursos de corporações multinacionais de tecnologia e de instituições governamentais. Mas, afinal, o que são as cidades inteligentes?

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