Fazer experiências com a divulgação de um projeto: Parte I

Por: Ana Delicado, Jussara Rowland e Clara Venâncio

Um projeto de investigação, uma estratégia de disseminação de resultados

Engage IoT – Envolvimentos sociais com a Internet das Coisas foi um projeto de investigação exploratório financiado pela FCT (EXPL/SOC-SOC/1375/2021) que decorreu no ICS, no âmbito do GI SHIFT, entre 2022 e 2023. O objetivo central deste projeto foi compreender como os atores sociais (produtores, consumidores, reguladores) se envolvem com um novo tipo de tecnologia (Internet das Coisas – IoT), desde o nível macro dos imaginários sociotécnicos até ao nível micro das práticas de utilização.

Um projeto de investigação que não dissemina os seus resultados é inútil. Sem dúvida que apresentar comunicações em congressos, publicar artigos em revistas ou mesmo um livro (ainda estamos a trabalhar nisso) é essencial para debater os resultados entre pares. Contudo, nós queríamos chegar mais longe: chegar a quem desenha estes produtos tecnológicos, a quem os regula, a quem os usa; assim como a quem se interessa por tecnologia e pelos seus aspetos sociais. Com esse intuito, criámos e alimentámos um website: em colaboração com um realizador (João Ramos) fizemos um vídeo curto e em colaboração com uma socióloga/designer (Tatiana Ferreira) fizemos uma research brief.

Experimentámos também novos formatos que permitissem ainda um maior alcance em termos de disseminação.  Optámos, assim, por fazer um desdobrável e uma Zine (que será material para a parte II deste post).

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Venham ao Fórum da Habitação! (Post promocional-epistemológico)

Por: Marco Allegra

A equipa do projeto LOGO está a organizar o primeiro Fórum da Habitação do projeto no dia 26 de março.

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O que conta enquanto “extensão” em ciências sociais? Reflexões a partir da Caravana pelo Direito à Habitação

Por: Simone Tulumello

Em 2020, o Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-ULisboa) lança a primeira edição do prémio Extensão em Ciências Sociais (ECS). O prémio, de acordo com o regulamento, tem «como objetivo valorizar atividades de extensão inovadoras desenvolvidas, individualmente ou em equipa, por investigadores e/ou estudantes do ICS, constituindo uma forma de retribuir e compensar esses investigadores pelo empenho que dedicam a este tipo de atividades». A “extensão universitária” (em inglês, outreach) inclui todas as atividades da academia “fora da academia”: por um lado, a comunicação científica, isto é, as ações que visam divulgar as atividades académicas para o público em geral (este blogue é um excelente exemplo); e, por outro, nas palavras do regulamento do prémio ECS, as «atividades de extensão para a comunidade (iniciativas orientadas para, ou desenvolvidas com, a comunidade e stakeholders)», isto é, atividades em que a academia colabora com atores não académicos na promoção de vários objetivos. Nesta segunda categoria, o regulamento inclui várias atividades, principalmente ligadas à promoção de políticas públicas (p.ex. audições parlamentares, pareceres), à promoção da cultura científica (p.ex. estágios de ocupação científica, ações de formação) e à responsabilidade social. O tema deste post é uma das atividades incluídas na lista: “ações de intervenção social”.

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Um Living Lab para a monitorização e avaliação participativa da Estratégia Nacional de Combate à Pobreza

Por: Roberto Falanga e Daniel Silva

No âmbito do protocolo assinado entre o Instituto de Ciências Sociais (ICS) da Universidade de Lisboa e o PlanAPP – Centro de Competências de Planeamento, de Políticas e de Prospetiva, a equipa coordenada por Roberto Falanga, um dos autores deste post, teve a responsabilidade de produzir conhecimento sobre o estado da avaliação das políticas públicas em Portugal numa primeira fase, entre 2022 e 2023, e avançar com um modelo de monitorização e avaliação participativa numa segunda fase, em 2023. Neste post, debruçamo-nos sobre algumas das principais aprendizagens retiradas da segunda fase, que foi desenvolvida em parceria com a equipa coordenadora da Estratégia Nacional de Combate à Pobreza (ENCP). A partir dessa tripla parceria, o ICS, o PlanAPP e a equipa coordenadora da ENCP estruturaram o primeiro Living Lab do género de que há conhecimento em Portugal, cujo foco foi a preparação de um roteiro para as entidades que irão envolver a população destinatária na monitorização e avaliação de medidas enquadradas e enquadráveis na ENCP. Convém salientar que o carácter inovador desta experiência adquire ainda mais relevância perante o quadro pouco animador da avaliação de políticas públicas no país, que foi apresentado num capítulo de autoria de Roberto Falanga e Camila Costa nos Cadernos do Observatório da Qualidade da Democracia 2023.

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Da esquizofrenia das políticas ambientais em Portugal. Conhecimento de base científica no apoio à tomada de decisão – Precisa-se

Por: Rosário Oliveira

Em contexto de instabilidade generalizada à escala global, as políticas ambientais ganharam um estatuto quase esquizofrénico, tornando-se difícil, senão impossível, prever a trajetória que irão prosseguir para evitar a hecatombe climática e de perda de biodiversidade, com consequências trágicas para a sobrevivência dos ecossistemas e da sociedade do século XXI.

Não se trata de um discurso catastrofista, senão do reconhecimento factual acerca do descomprometimento e desresponsabilização dos países relativamente aos Acordos internacionais para inverter a tendência de aquecimento global e de perda massiva da biodiversidade.

No momento em que a Organização das Nações Unidas (ONU) promove a 28ª edição da Conferência das Partes – COP 28, sobre mudanças climáticas, fica claro o jogo de forças das grandes potências mundiais entre apostar na economia do carbono ou na sua descarbonização.

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Sangram as águas, celebra o povo. Fé e festa no transbordar da barragem de Pau dos Ferros, Rio Grande do Norte

Por: José Gomes Ferreira e Bertulino José de Souza

Na abordagem que temos feito sobre o valor eco-social da água, trazemos para análise A água e os sonhos, de Gaston Bachelard, e a proposta de Francisco Javier Martinez-Gil sobre os conceitos de fluviofelicidade e fluvioterapia. Relembramos, em Portugal, a centralidade da partilha da água na interação social gerada entre os habitantes de comunidades rurais e como primeiro instrumento de governança local. Outro exemplo é o das socialidades resultantes da ida à fonte, configurando-se como ponto de encontro da juventude em décadas anteriores. 

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“We are what we eat”, but do we know what we are eating?

By: Nicoletta Moschini

From beasts we scorn as soulless,
in forest, field and den,
the cry goes up to witness
the soullessness of men.”
M. Frida Hartley

We are all eyewitnesses to a dystopian historical period in which there are more overweight than undernourished people. We prefer to consume water in plastic bottles rather than tap water. Entire geographic areas of Europe, especially southern Portugal, Italy, and Spain, are at high risk of desertification, and globally, 2 billion people have difficult access to safe water sources. Yet, the global average water footprint to produce 1 kilogram of beef is 15,415 liters, meaning 2,400 liters to make a single hamburger – the equivalent of about 3 months of showers. Worldwide, 900 million people are in a state of severe food insecurity. Yet, the world’s cattle require an amount of calories equivalent to the caloric needs of 8.7 billion humans. Moreover, our Planet’s habitable land is mainly used for agriculture, with nearly 80% of farmland linked to meat and dairy production. Yet, livestock produces less than 20% of the world’s supply of calories.

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O modelo de regeneração de Aalborg Øst: Um projeto LEGO de esperança

Por: Sónia Alves

As area-based initiatives (iniciativas de base territorial) estão bem documentadas e debatidas na literatura, contando já com mais de quatro décadas de financiamento por parte de governos locais e nacionais, bem como da União Europeia.

A lógica subjacente a estas iniciativas é que, embora os problemas da pobreza e da desvantagem socioespacial não estejam confinados às áreas em desvantagem, o modo como estes se concentram e se interligam nessas áreas podem gerar espirais negativas de declínio que ameaçam não só a coesão social e urbana, como uma mobilidade social descendente da população residente, sobretudo a mais vulnerável.

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PhD ShiftHub: Presente e Futuro

Por: PhD SHIFTHub

Balanço dos anos de vida do Hub

Durante a pandemia de COVID-19, alguns estudantes de doutoramento do grupo de investigação Ambiente, Território e Sociedade (GI SHIFT) organizaram reuniões mensais informais que acabariam por resultar na criação do PhDSHIFTHub – um coletivo horizontal de estudantes, baseado na amizade, no respeito mútuo e na empatia. O PhDSHIFTHub começou por ser um espaço auto-organizado de entreajuda e partilha de ideias e experiências (pessoais e de investigação) entre doutorandos/as, com o intuito de quebrar o isolamento, rejeitar a competitividade entre pares e fortalecer os laços de solidariedade.

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A Educação Ambiental na Comunidade de Países de Língua Portuguesa: Colaboração Multilateral, entre Política e Sociedade Civil

Por: Leonor Prata, Luísa Schmidt e João Guerra

Desde a Conferência de Estocolmo das Nações Unidas (ONU), em 1972, reconhece-se a urgência de medidas políticas e diplomáticas ambientais eficazes e transparentes, que capacitem os cidadãos a agir em prol do bem comum. Neste desiderato, surgiram marcos como a Agenda 21, na Cimeira do Rio (1992), e a Agenda 2030, na COP 21 em Paris (2015), que articulam níveis de governança (nacionais, regionais e locais) e participação pública.

No entanto, análises retrospetivas deste meio século revelam um fraco desempenho internacional na concretização destas medidas e concretamente no que diz respeito à Educação Ambiental e para o Desenvolvimento Sustentável (EA). Tal desenlace deve-se, por um lado, à sua falta de integração sistémica, resultando em medidas desarticuladas que reforçam entraves institucionais, técnicos e financeiros, e, por outro lado, à prevalência de curricula que visam inculcar conhecimentos e atitudes, mas carecem de abordagens propiciadoras de sentido crítico, significativas e interventivas no ambiente natural e sociocultural, ao longo da vida.

Esta reflexão centra-se na cooperação lusófona no campo da EA, a partir de um estudo desenvolvido no âmbito do Observatório de Ambiente, Território e Sociedade (OBSERVA/ICS-ULisboa).

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