A europeização e as territorialidades desencontradas

Por: Inês Gusman

Ainda que quotidianamente lhe possamos dar outros usos, numa perspetiva geográfica, o território é comummente considerado uma porção do espaço à qual se atribui algum tipo de singularidade. Adquire, por isso, diferentes formas e escalas, podendo ter distintas origens, entre elas, política, física, cultural ou histórica. Nos anos 80 do século XX, o geógrafo Robert Sack chamou a atenção para o facto de os territórios surgirem a partir de um conjunto de processos físicos e/ou simbólicos que denominou territorialidade, cujo objetivo é “afetar, influenciar e controlar pessoas, fenómenos e relações” no espaço. Ainda que, tradicionalmente, a forma como as sociedades entendem e interagem com o espaço e com as suas divisões esteja fortemente influenciada pelas práticas dos Estados, a territorialidade não é um fenómeno exclusivamente estatal. As mudanças políticas e tecnológicas das últimas décadas, a intensificação da mundialização das relações sociais e económicas, juntamente com os avanços dos debates académicos sobre o território, vieram evidenciar isso mesmo. Importa, no entanto, compreender que territorialidades são estas e quais os seus principais alcances.

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Algunas Claves para Reflexionar: ¿Qué Está Pasando con la Participación Ciudadana?

Por: Virginia Gutiérrez Babarrusa

En este post proponemos algunas claves para reflexionar sobre las implicaciones de las políticas de participación ciudadana, como la continuidad de los procesos, la capacidad de fortalecer el tejido social, la de superar las brechas sociales o el uso de las Nuevas Tecnologías de la Información y la Comunicación (NTIC). Los Presupuestos Participativos han tenido un papel destacado y tanto Portugal como España han sido pioneros en la puesta en marcha de estas experiencias en el contexto europeo.

Estas reflexiones surgen de experiencias previas en el contexto español, que hemos contrastado a través del proyecto desarrollado entre los meses de abril a septiembre del año 2022 sobre los procesos de participación ciudadana impulsados por la Cámara Municipal de Lisboa (CML) entre 2008 y 2021. Básicamente en la investigación nos centramos en el Presupuesto Participativo de Lisboa (“Orçamento Participativo de Lisboa”, OP-L).

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Uma árvore portuguesa, com certeza?

Por: Filipa Soares

Um eucalipto com mais de 140 anos, localizado no concelho de Sátão, distrito de Viseu, foi eleito a Árvore Portuguesa do Ano, num concurso anual organizado, desde 2018, pela União da Floresta Mediterrânica (UNAC). O imponente “Eucalipto de Contige”, uma das maiores árvores classificadas em Portugal, vai representar o país no concurso European Tree of the Year.

Esta competição europeia, fundada em 2011 e organizada anualmente pela Environmental Partnership Association, com o apoio da Comissão Europeia, é uma final constituída pelas árvores vencedoras dos vários concursos nacionais (15 neste momento, sem contar com a Rússia, banida em 2022 devido à guerra na Ucrânia). Vence a árvore que receber mais votos eletrónicos do público, qual Eurovisão arbórea. O objetivo do concurso é destacar a importância das árvores enquanto património cultural e natural a ser protegido e cuidado. Mais do que a estética, o tamanho ou a idade da árvore, o enfoque recai na “sua história e nas relações com as pessoas”.

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Regeneração Urbana: Ontem, Hoje e Amanhã

Por: Mafalda Nunes

A regeneração urbana tornou-se um conceito popular nas políticas urbanas a nível global, como forma de responder aos desafios e ‘crises’ urbanas que vão sendo identificados nas cidades contemporâneas. Das questões espaciais (qualidade do edificado e espaços públicos), às sociais (níveis de educação, emprego, coesão social), económicas (oportunidades para o comércio, negócios, turismo) e ambientais (qualidade do ar e dos espaços verdes), surgem várias estratégias com enfoques distintos sob o ‘chapéu’ comum da regeneração urbana.

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Imaginar Cidades – notas sobre o “East Side” de Lisboa

Por: Marco Allegra

Será que é a imaginação que cria a sociedade e o ambiente onde vivemos? Será que uma cidade é feita de ideias e até de fantasias, misturadas com aço, vidro e cimento? Será que todos nós (do Presidente da República ao cidadão comum) somos também sonhadores de cidades?

Sobre este tema foi publicada recentemente uma mesa redonda na revista Mediapolis, coordenada por dois colegas do ICS, Lavínia Pereira e João Felipe P. Brito – um agradecimento especial à Anna Viola Sborgi pelo convite inicial.

Esta mesa redonda resulta da reflexão que surgiu no grupo de leitura do Urban Transitions Hub que, durante o ano passado, debateu a noção de “social imaginary” através da obra de autores como, Cornelius Castoriadis, Benedict Anderson, Yuval Harari, Frederic Jameson, Ruth Levitas e Sheila Jasanoff, entre outros, – aqui uma introdução mais estruturada ao tema, a lista das leituras completa encontra-se no final do post.

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Sobre a importância de uma adequada regulação no planeamento urbano e no arrendamento

Por: Sónia Alves e Alda Botelho Azevedo

“Não há nada mais importante para o progresso das nossas economias do que uma boa regulamentação. Por uma boa regulamentação entende-se um tipo de regulação que serve para melhorar o bem-estar da comunidade em geral.” Uma posição defendida pela OCDE, e subscrita por Andreas Hendricks, professor da Universidade de Munique, que, durante o Seminário III do projeto SustainLis, refletiu sobre o conjunto de instrumentos que têm sido usados no campo do planeamento urbano para capturar parte do aumento das mais-valias resultantes da decisão e da ação pública, por exemplo, no licenciamento de operações urbanísticas (por exemplo de construção ou ampliação) de dimensão relevante que devem destinar uma percentagem da sua área para habitação social (mais detalhes aqui).

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Hub Criativo do Beato: Uma infraestrutura inacabada e ativada

Por: João Felipe P. Brito

Desde o final de 2021, quando comecei a etnografar o Hub Criativo do Beato (HCB), equipamento anunciado há seis anos pelo Governo de Portugal e pela Câmara Municipal de Lisboa (CML) como o mais importante para o desenvolvimento de inovação tecnológica nesta cidade, o “Sónar Lisboa” (abril de 2022) foi o evento que melhor se apropriou dos seus diferentes edifícios e ambientes. Sua organização está diretamente relacionada com os investimentos simbólicos e com as estratégias de promoção internacional que buscam reposicionar Lisboa como capital da inovação e da tecnologia. A escolha do HCB como casa do Sónar, evento de “música, criatividade e tecnologia”, expressa a sua importância nestes investimentos e estratégias, públicos e privados.

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Co-Produção: A Inteligência Humana ao Serviço das Nossas Cidades

Por: Diogo Martins

Estamos sempre a falar em cidades mais inteligentes, com sensores, inteligência artificial, com software que irá gerir tudo ao pormenor, com tecnologia que nós, hoje, não conhecemos. Mas em que medida toda esta tecnologia traz benefícios às pessoas que habitam e frequentam as cidades? E estaremos a tirar partido da inteligência dessas pessoas para melhorar as nossas cidades?

A minha proposta é explorarmos formas de voltar às pessoas, sem deixarmos de evoluir e usar tecnologia. A co-produção é ainda pouco utilizada no nosso dia-a-dia e por isso não vemos efeitos práticos disso nas nossas cidades com a frequência que é desejável.

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Metápolis: “nem tudo que é sólido se desmancha no ar”

Por: Mariano Macedo

Essas notas visam problematizar o conceito de Metápolis de forma a referenciar a discussão sobre o futuro das cidades. Coloco 4 questões para reflexão.

A primeira questão é relativa ao conceito de metápolis e porque esse conceito emerge como relevante no momento atual de nossa história.  À semelhança de metápolis, outros conceitos vêm se afirmando: cidade informacional, cidade pós-moderna, cidade pós-fordista e pós-metrópolis.      

Esses conceitos procuram identificar as tendências que estão marcando a transição da metrópole tradicional para a metápolis e visam apreender as suas características socioespaciais e conformação morfológica.

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BIODIVERSIDADE 2030. NOVA AGENDA PARA A CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE EM CONTEXTO DE ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS EM PORTUGAL

Por: Rosário Oliveira e João Mourato

A biodiversidade é fundamental, pois dela depende a regulação de processos essenciais à vida como a composição química da atmosfera, do solo, da água, e a capacidade de produção agrícola e florestal. A sua perda afeta inevitavelmente a espécie humana, pelo que a sua conservação é crucial também para a nossa sobrevivência.

Contudo, as estratégias de conservação internacionais, europeias e nacionais não têm sido capazes de travar e inverter a perda alarmante de biodiversidade nas últimas décadas, sendo, assim, necessário ir além das tradicionais medidas de conservação (ex. gestão de áreas protegidas, proteção de espécies ameaçadas, controlo de espécies invasoras).

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