Come to Lisbon and see The Urban – the Lisbon Urban Studies Early Career Workshop

By: Marco Allegra

On November 8-10, 2023, ICS-ULisboa will host the 3rd edition of the Lisbon Early-Career Workshop in Urban Studies, which follows the editions of 2021 and 2022 – Luisa Rossini wrote a post on the 2022 edition. The Workshop is organised by the Urban Transitions Hub (UTH, an ICS-based horizontal and informal group of some fifteen-twenty scholars affiliated to various academic institutions).

As the UTH chair(although I shouldn’t be saying this myself) I can say that the first two editions of the workshop (one online and one in presence) have been very successful success, and the third edition promises to be even better.

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Screening the Precarious Spaces of Home Across Europe

By: Anna Viola Sborgi

On September 19, 2022, a public screening entitled Espaços Precários da Habitação na Europa – Precarious Homes Across Europe took place at ICS-ULisboa. The screening showcased work of four emerging women filmmakers: Ayo Akingbade’s Dear Babylon (2019, United Kingdom), Leonor Teles’s Cães que Ladram aos Pássaros (2019, Portugal), Laura Kavanagh’s No Place (2019, Ireland and United Kingdom) and Margarida Leitão’s Gipsofila (Portugal, 2015). After watching the films, filmmaker Margarida Leitão and researchers Roberto Falanga and Mariana Liz joined me in an interdisciplinary conversation on cities, their inhabitants, gentrification and film. Members of the audience, which included participants in the Cinema e Ciências Sociais Summer School that was taking place at ICS-ULisboa in those very days, also asked questions and contributed to the discussion.

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Prevenção e mitigação de incêndios e participação pública

Por: Ana Delicado, Luísa Schmidt e Filipa Soares

2022 voltou a ser um ‘annus horribilis’ no que respeita aos incêndios. Até ao final de agosto, segundo o ICNF, já tinham ardido em Portugal mais de 100 mil hectares, mais de metade dos quais em povoamentos florestais. Este valor representa um aumento de 36% em relação à média anual dos 10 anos anteriores. Dos quase 10.000 incêndios rurais registados, 16 foram de grande dimensão, consumindo mais de mil hectares. Em termos de área ardida, os distritos mais afetados foram Guarda, Vila Real e Leiria (Figura 1). Um dos casos mais graves em termos de perda de biodiversidade e afetação de recursos naturais foi o incêndio no Parque Natural da Serra da Estrela, tendo consumido mais de 22 mil hectares, ou seja, cerca de 25% da sua área num único verão – o equivalente a uma área superior a duas vezes o concelho de Lisboa (que tem cerca de 10 mil hectares).

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Sobre o sistema educativo em Portugal: crises, vulnerabilidades e mudanças

Por: Leonor Prata, João Guerra e Luísa Schmidt

Foi recentemente publicada a versão digital do Relatório ‘Estado da Educação 2020’ pelo Conselho Nacional de Educação. O relatório aborda os múltiplos impactos da COVID-19 na sociedade portuguesa e, em particular, nas comunidades educativas. Alguns dos ensaios aí presentes assumem como matriz de análise o contexto marcado pela pandemia, seus correlatos socioambientais bem como o seu potencial transformativo.

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A REDE METROPOLITANA DE PARQUES AGROALIMENTARES. READY TO GO.

Por: ICS FOOD HUB

1. Os sistemas alimentares no centro da agenda política

Os sistemas alimentares têm vindo a ganhar destaque na agenda política internacional como resposta ao contexto global de crise económica, climática, energética e pandémica. Olhar para a alimentação de forma sistémica permite, simultaneamente, atuar sobre a saúde humana, ambiental e económica do planeta. Neste sentido, as Nações Unidas organizaram, em 2021, a Cimeira dos Sistemas Alimentares, em linha com a Estratégia do Prado ao Prato no âmbito do Pacto Ecológico Europeu para a próxima década.

Caminhar neste sentido pressupõe que possamos entender o alimentar para além do alimento, a alimentação para além do setor de produção agroindustrial e, em particular, ampliar o impacto do planeamento alimentar do nível local para escalas mais alargadas, muito com base em redes de cidades que, cada vez mais, prosseguem abordagens neste âmbito, tanto na Europa como a nível global. Este objetivo decorrerá das decisões tomadas a favor da transição alimentar, o que implica intervir num sistema multi-ator complexo, de base territorial, que relaciona o produtor com o consumidor de alimentos, sempre numa ótica de sustentabilidade e de valorização dos serviços dos ecossistemas (Fig. 1).

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Etnografia urbana, a passo de corrida

Por: Simone Tulumello

No dia 15 de janeiro de 2021, pelas 9h30, saí de casa para a minha corrida diária. Além do telemóvel com o GPS ativado, levava comigo um gravador de áudio. Nesse mesmo dia começava o “dever geral de recolhimento domiciliário”, decretado pelo Decreto 3-A/2021 de 14 de janeiro em resposta ao rápido crescimento de casos de Covid-19. Pela segunda vez no espaço de um ano, Portugal voltava a confinar. Tal como tinha acontecido durante o primeiro confinamento (entre março e maio de 2020), o dever de recolhimento incluía algumas exceções, entre as quais a atividade física e o treino de desportos individuais ao ar livre.

A 15 de janeiro de 2021, comecei um pequeno projeto de investigação: Ethnography on the run: jogging through Portugal’s second lockdown. O objetivo geral era indagar as transformações urbanas e os impactos diferenciais das medidas sanitárias na cidade. Durante o primeiro confinamento tinha emergido com clareza que “nem todos os bairros são iguais face à pandemia”, isto é, que a capacidade local de ajustar a vida social à obrigação de recolhimento domiciliário tinha muito que ver com distinções de classe (um dos bairros que melhor “resistiram” é um dos mais ricos da cidade) e com as trajetórias de desenvolvimento urbano (com os bairros profundamente turistificados a serem impactados de forma especialmente poderosa).

Durante o primeiro confinamento, as minhas reflexões tinham-se ficado por uma forma fragmentada. Durante os meses seguintes pensei sobre a questão: sabia que, caso viesse um segundo confinamento, queria estar preparado para indagar estas questões de forma “quase” sistemática.

Estava interessado em tornar a pandemia, ou, melhor, algumas das medidas sanitárias, em objeto de estudo, e ao mesmo tempo em adaptar a minha metodologia de investigação ao contexto do estado de confinamento – algo com que as ciências sociais se têm vindo a debater durante este ano e meio, também neste blogue.

“Ethnography on the run” foi a minha proposta. Era possível fazer investigação social a passo de corrida? Ou, mais precisamente, que tipo de investigação é possível fazer a passo de corrida?

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A eletrificação da vida

Por: Ana Horta

Para Lenin só seria possível alcançar o comunismo quando a União Soviética estivesse completamente eletrificada. Apenas a eletricidade permitiria desenvolver a produção industrial em grande escala, necessária à concretização do comunismo. Assim, em 1920 foi concebido um plano de recuperação e desenvolvimento económico centrado na eletrificação do país que permitisse essa transição em dez anos. Cem anos depois, a eletrificação também está no centro de outra grande ambição coletiva: a sustentabilidade.

Vejamos o caso de Portugal. Em sintonia com o pacto ecológico da União Europeia, o plano nacional para alcançar a neutralidade carbónica até 2050 baseia-se na “eletrificação da economia”. Pretende-se substituir os combustíveis fósseis por eletricidade em todos os setores da sociedade, enquanto se procura que esta seja cada vez mais produzida através de fontes renováveis (incluindo através do hidrogénio). Simultaneamente este plano também promove uma “transição digital” que permita ganhar eficiência a vários níveis e que contribua para tornar a economia mais competitiva. A digitalização supõe, obviamente, maior recurso a tecnologias de informação e comunicação e consequentemente a eletrificação de mais processos e setores da sociedade. Ambicionam-se redes inteligentes de distribuição de energia, soluções inteligentes para a mobilidade, tecnologias inteligentes, uma administração pública inteligente, edifícios e cidades inteligentes, tudo isto na lógica de um “crescimento inteligente”, como preconizado no Plano de Recuperação e Resiliência.

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Is the Paris Agreement targeting the right emissions?

By: Jiesper Pedersen

Global negotiations and policies for climate mitigation, i.e., reducing GHG emissions, have historically been based on projections of what each country is expected to emit in the future, the emission scenarios compiled by the IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change).  However, it is crucial to have a critical outlook on how these scenarios are calculated and reflect historical emissions and socioeconomic trends. Additionally, they may create imbalances between regions and countries in the world. The reality of the global economic changes, and therefore we should regularly reassess the scientific foundations of climate policy to avoid injustices.

A key issue is that country emissions have been calculated based on the total emissions of a country, including, for instance, industrial production, even when most of the production is exported. It is easy to understand how this creates distortions between countries such as the United States, the EU member states, and China – ‘the world’s factory’. In practice, much of the ‘carbon emissions’ have been outsourced to developing countries for decades.

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“Inclusão”, liminaridade e precariedade científica (II)

Por Paulo Granjo

(Continuação do post publicado a 4 de Outubro)

Verifiquemos, então, em que medida esta proposta teórica poderá ser útil para compreender um processo de inclusão em curso e a negociação social nele envolvida: a regularização da precarização científica estrutural.

3 . Quando o precariado científico “não existia”

Tendo em conta o contraste entre essa situação e a atual, deveremos começar por focar a atenção no tempo recente, há menos de 2 anos, em que o precariado científico «não existia».

Claro que existia precariedade científica, abrangendo aliás 70% d@s investigadores trabalhando no país, sob 6 diferentes situações de vinculação laboral, concretizadas através de bolsas e de contratos a termo certo ou incerto. Contudo, para utilizar uma expressão clássica na análise de classes, constituíam um grupo “em si” (pela sua situação objetiva), mas não um grupo “para si” (segundo a sua perceção subjetiva).

Esse quadro resultava em grande medida de uma atomização, quer das condições de trabalho, quer das representações que lhes estavam associadas.

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Securitização das alterações climáticas: um debate político com implicações para as forças armadas

Por Raul Boeno

Enquanto o debate académico se tem ocupado em discutir conceitos paralelos, complementares e adjacentes ao de segurança, o debate político tem-se dividido entre securitizar e dessecuritizar o tema alterações climáticas.

Na Europa, a NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte), o maior bloco armado do planeta, semanas antes da realização da COP 21 (Paris/2015) emitiu a Resolution 427 on Climate Change and International Security, demonstrando uma nítida postura securitizadora sobre o tema.

Esta resolução orientou os seus membros para aumentar a frequência e a participação de consultas militares, no seio da NATO, em assuntos ligados às alterações climáticas. Reforçou, também, a importância do assunto a ser tratado em Paris, devido aos futuros reflexos nos interesses da aliança na Europa e no mundo. Sobre a NATO, cabe lembrar dois pontos: o bloco incluiu as alterações climáticas como uma ameaça na sua atual estratégia de segurança e não é composto apenas por países europeus, como é o caso do Canadá e dos Estados Unidos da América (EUA). Continuar a ler