MUNICÍPIOS EM PERDA DEMOGRÁFICA:REFORMATAR REFERENCIAIS, VER MAIS LONGE, CRIAR NOVAS OPORTUNIDADES

Por: João Ferrão

Declínio demográfico: uma geografia diferenciada

Durante o período das designadas Grandes Navegações Portuguesas (séculos XV e XVI), Portugal tinha cerca de 1 milhão de habitantes. Em 1640, quando o país restaurou a sua independência em relação à governação castelhana, a população total do continente e ilhas pouco ultrapassava aquele valor. Em 1910, aquando da implantação da República, éramos quase 6 milhões. As estimativas do INE mostram que em 1964 atingimos um pico secundário de um pouco mais de 9 milhões de habitantes, iniciando-se então uma quebra provocada pela intensificação dos movimentos emigratórios, que apenas foi estruturalmente invertida, a partir de 1974, com o regresso de populações provenientes das ex-colónias e, mais tarde, com diversas vagas imigratórias, mantendo, a partir daí, valores próximos dos 10 milhões de habitantes, ainda que com oscilações.

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Demografia, avaliação de necessidades de habitação e governança metropolitana

Por: Alda Botelho Azevedo e Sónia Alves

Em diversas áreas metropolitanas europeias, como, por exemplo, em Bruxelas ou Londres, as estratégias públicas de habitação são definidas à escala metropolitana, contando com um orçamento significativo que é o resultado de transferências diretas do estado central e de taxas e receitas cobradas ao nível municipal. Os estudos demográficos, realizados com base em dados censitários, administrativos e de inquérito são elementos cruciais na avaliação das necessidades de habitação e na definição das estratégias metropolitanas de habitação. São esses estudos que, a partir da análise das dinâmicas da natalidade, mortalidade e das migrações, e ainda das tendências nos padrões de formação familiar, permitem compreender a procura demográfica de habitação e examinar os impactos das decisões setoriais (por exemplo, no domínio da mobilidade ou do licenciamento urbanístico), e de investimento privado nas próprias necessidades de habitação, por subgrupos de população e tipologias/regimes de habitação.

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Quem são e como vivem 154 jovens adultos residentes em Santa Maria Maior, Lisboa?

Por Alda Azevedo*

Na habitação, os jovens adultos acumulam frequentemente constrangimentos que os colocam em situação de vulnerabilidade. Dificuldades na entrada no mercado de trabalho, percursos laborais curtos, muitas vezes com vínculos precários, e taxas de desemprego elevadas estão entre estes principais constrangimentos. Em territórios de elevada procura de habitação, juntam-se ainda as dificuldades interpostas pelos elevados preços das casas disponíveis no mercado. Não é por isso surpresa que, em Portugal, uma elevada e crescente proporção de jovens adultos adie a saída de casa dos pais com um efeito dominó na formação familiar, nos projetos de fecundidade e, em última análise, no envelhecimento da população.

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A procura de habitação a partir de uma perspetiva demográfica

Por Alda Botelho Azevedo

Desde o seu início, em 2016, e em resultado do destaque que assume na atualidade, o tema da habitação tem sido frequentemente tratado neste blogue. Este post contribui para este debate com uma reflexão sobre as dinâmicas demográficas na  procura de habitação em Portugal, com o propósito de melhor esclarecer e circunscrever os seus impactos.

Existe um consenso generalizado de que as tendências demográficas são determinantes na procura de habitação, consenso esse aceite no contexto da atual crise na habitação em Portugal e comummente epígrafe no enquadramento de políticas da habitação, como se verifica nos documentos da Nova Geração de Políticas da Habitação. Isso é preocupante se não forem claros o alcance e os limites da demografia na procura de habitação. Continuar a ler