Cidades inteligentes para quem? Notas de um estudo de caso sobre Lisboa

Por: Tomás Donadio

No enquadramento de um dos temas indicados para o Blogue SHIFT em 2022, este texto discute um tópico particular sobre o futuro das cidades: as cidades inteligentes. Apesar de ser um conceito relativamente recente, certamente a sua utilização está na moda. O termo é atualmente empregue por diversos atores urbanos, como formuladores de políticas, políticos e académicos. No entanto, é encontrado com maior assiduidade em discursos de corporações multinacionais de tecnologia e de instituições governamentais. Mas, afinal, o que são as cidades inteligentes?

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Substâncias químicas em produtos – propostas de ação política e na área da saúde

Por Susana Fonseca

Entre junho de 2016 e maio de 2019 desenvolvi a minha investigação de pós-doutoramento sobre o tema das substâncias químicas em produtos do quotidiano(brinquedos, roupas, cosméticos, produtos de limpeza, equipamento elétrico e eletrónico, alimentos, etc.). Durante este período, o objetivo foi sempre o de analisar se a controvérsia científica sobre o impacto de substâncias químicas em produtos do quotidiano (alimentação, produtos de higiene pessoal, produtos de limpeza, e brinquedos) é reconhecida e integrada pelos profissionais de saúde (comunidade médica e de enfermagem) que acompanham e apresentam recomendações às mães; e de que forma, seja pelo aconselhamento médico, seja por outras fontes, influencia os pais nas suas práticas quotidianas e opções de consumo relacionadas com o cuidar dos filhos. Continuar a ler

Um americano em Paris

Por Luísa Schmidt

Não foi surpresa. A desvinculação dos Estados Unidos da América do Acordo de Paris tinha sido anunciada e está em linha com a lamentável atitude política da fação extremista que tomou conta do Partido Republicano nos EUA.

A figura que a representa – Donald Trump – tentou fazer passar a ideia de que não está contra um Acordo, mas que pretende negociar os termos de modo mais favorável à América.

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Protesto nos EUA contra Trump. Fonte: Julia DeSantis/Flickr

É um logro. A América é o país que mais emissões lançou para a atmosfera durante mais tempo. Querer negociar uma posição mais favorável para si é não só moralmente inaceitável como inviável. O mundo não é um subúrbio da América e os outros países não são uma ralé que o poder americano trata conforme entende.

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Políticas públicas de regadios no Nordeste do Brasil

Por Gleydson Pinheiro Albano

O Nordeste do território brasileiro, principalmente sua região semiárida, atravessou os últimos séculos sendo lembrado dentro e fora do país como uma região atrasada, muito em função da pobreza da sua população, da desigualdade de acesso a terra e da ocorrência de secas, que fizeram uma multidão de nordestinos migrar para outras áreas do país, como o Sudeste e a região Amazônica.

No início do século XX, com a ocorrência de mais uma grande seca nessa região do país, o governo brasileiro resolveu criar um órgão para enfrentar as secas dessa região e assim nasce no ano de 1909 a Inspetoria de Obras Contra as Secas (IOCS) (hoje, Departamento Nacional de Obras Contra as Secas – DNOCS).

Durante toda a primeira metade do século XX esse órgão iria ser responsável por políticas de construção de açudes com o objetivo de fornecer água para matar a sede do nordestino. Inclusive é pela criação e área de delimitação do órgão (área de ocorrência de secas) que o termo Nordeste é popularizado e institucionalizado no país, entrando posteriormente na cartografia como uma das regiões brasileiras. Continuar a ler