Por: Alexandre Silva e Mónica Truninger
Uma das dificuldades na abordagem ao tema da segurança dos alimentos, do ponto de vista das práticas dos consumidores, consiste na adequação das medidas de prevenção ao carácter multifacetado e até mesmo contraditório do consumo alimentar. Os consumidores parecem por vezes preocupar-se com o risco alimentar, outras vezes parecem não estar nada preocupados com os perigos de contaminação microbiológica dos alimentos e as doenças que pode causar.
Este problema torna-se especialmente difícil de explicar a partir de perspetivas que entendem o consumidor como uma unidade isolada, seja enquanto agente clarividente e calculista ou como uma mera máquina estímulo-resposta, incapaz de refletir e decidir sobre as suas práticas. Mas há um vasto leque de fatores que têm sido realçados no quadro da investigação sobre práticas de consumo, que ajudam a entender o consumidor ao nível meso, isto é, situando-se num emaranhado de influências quer de teor micro – as minudências da vida quotidiana como os tempos, rotinas, sincronização de agendas e espaços, – quer de teor mais macro e estrutural – tipo de comércio e produtos à venda, tipo de família, níveis de educação e escolaridade, níveis de rendimento, modas de consumo, publicidade e media.
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