Por: João Baptista
É capaz de cuidar de algo que não vê? Preocupar-se com o que não consegue tocar, ainda que esteja ao seu lado? Abdicar de consumir o que gosta por aquilo que não consegue sentir? Mudar as suas rotinas em prol de algo que está para além do seu conhecimento, mas que encontra em todos os sítios onde vai?
Este é, talvez, um dos maiores desafios que a humanidade enfrenta hoje. O de acordarmos, todos os dias, junto a algo que não sentimos, não vemos, não conseguimos tocar, mas pelo qual somos responsáveis. Timothy Morton deu-lhes o nome de hiperobjetos. A ideia de hiperobjectos é genial. Mas a designação é frustrante. O prefixo “hiper-” e a palavra “objeto” desviam-nos da condição espiritual que as entidades globais a que a conjugação se refere têm. O termo “hiperobjecto” atribui-lhes um carácter explícito, tangível. Materializa essas entidades. Dá-lhes um significado mais concreto do que elas requerem. Daí preferir chamar-lhes omnipresenças. Bem-vindo à Era das Omnipresenças.
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