Projeto Europeu SharedGreenDeal: novas ferramentas das Ciências Sociais e Humanas para uma mudança transformadora

Por: Mónica Truninger

O projeto Europeu SharedGreenDeal – Social sciences & Humanities for Achieving a Responsible, Equitable and Desirable GREEN DEAL (Horizon 2020 RIA, financiado com cerca 5 milhões de euros para cinco anos), no qual alguns membros do GI SHIFT – Grupo de Investigação Ambiente, Território e Sociedade do ICS-ULisboa estão envolvidos, iniciou as suas atividades a 1 de Fevereiro de 2022. É coordenado por Chris Foulds e Rosie Robison da Universidade Anglia Ruskin, sediada em Cambridge no Reino Unido. No ICS, o projeto é liderado por Mónica Truninger, constando também da equipa Luísa Schmidt, Ana Delicado, João Mourato e Rosário Oliveira.

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Seis temas para 2022 nos seis anos do Blogue SHIFT

Por: Alexandre Silva, Carla Gomes, Joana Sá Couto e Mariana Liz

A 5 de Janeiro de 2016 foi publicado o primeiro post do Blogue ATS – agora rebaptizado Blogue SHIFT. Em Janeiro de 2019, o livro Reflexões sobre Ambiente, Território e Sociedade marcou os seus primeiros três anos. O presente post colectivo, dos actuais editores do Blogue SHIFT, está imbuído de um espírito semelhante. Por um lado, oferece uma breve reflexão sobre o último ano do blogue, marcando, igualmente, o seu sexto aniversário. Por outro, olha para o futuro, lançando um desafio aos investigadores e investigadoras que venham a partilhar os seus textos e ideias nesta plataforma, que se quer cada vez mais aberta e anti-dogmática, ajustável às incertezas do nosso tempo.

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Dilemas climáticos: o caso da exploração de petróleo, gás e lítio em Portugal

Por Madalena Duque dos Santos

Entre 2007 e 2015 o estado português celebrou uma série de contratos de concessão para a prospeção, pesquisa, desenvolvimento e exploração de hidrocarbonetos no mar e território português, ao abrigo de legislação desatualizada, cuja revisão só se verificou em 2017. Este período foi igualmente marcado por ambiciosos compromissos climáticos nacionais, europeus e internacionais, que culminaram na promessa do cumprimento da neutralidade carbónica em Portugal em 2050.

Para a controvérsia em torno da atribuição destes contratos de concessão contribuiu o modo obscuro e pouco democrático que caracterizou a tomada destas decisões, em vésperas de eleições, não tendo sido aplicada qualquer metodologia participativa ou consultiva às populações, organizações ou autarquias locais, resultando numa ausência de coordenação e comunicação entre entidades e atores.

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Local voluntary carbon markets – what they are, how they went at COP26 and what to expect next

By: Jieling Liu & Lurdes Ferreira

1. Why focus on local voluntary carbon markets?

The Paris Agreement of 2015 set forth a global target of limiting the warming in this century to 2o C or even more ambitiously to just 1.5o C, in order to contain the catastrophic impacts of anthropogenic climate change planet Earth is facing. National governments voluntarily made respective emissions reduction targets called Nationally Determined Contributions (NDCs) to implement the Paris Agreement, of which the COP26 this year has welcomed the first update cycle. Voluntary carbon markets (VCM) emerged as a potentially effective tool to support the NDCs under Article 6 of the Paris Agreement as it encourages voluntary contribution.  

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Entre avanços e decepções, a COP26 define o Livro de Regras do Acordo de Paris

Por: André de Castro dos Santos

Passando por intensas e difíceis negociações, a COP26 foi encerrada com importantes definições sobre o combate às alterações climáticas pela comunidade internacional. O pacote adotado é um compromisso que reflete um delicado equilíbrio entre os interesses e as aspirações de quase 200 países sobre instrumentos centrais do regime internacional que rege os esforços globais contra a mudança do clima.

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Is Glasgow COP26 a new Copenhagen, overlooking the countries in most need?

By: Jiesper Pedersen

“The most hectic COP since Paris”, said the Kenyan delegation last week. Several promising things evolved from the COP26 climate summit in Glasgow. But a 29-year conflict remains unsolved, which is a key to entering the 1.5 °C pathway.

On the positive side, the COP agreement expresses global consensus about the scientific facts affirming that man-made global climate change exists. This creates a more straightforward foundation for future negotiations compared to the last 29 years of negotiations with a built-in skepticism established by the fossil energy industry. And for the first time, fossil fuels are mentioned in a  COP agreement – the importance of removing (inefficient) state subsidies for fossil fuels. In the final minutes, around 9 pm Glasgow time, there was great dissatisfaction with India’s late announcement of not wanting to phase out (but phase down) coal plants without CO2 capture. Previously, the language was “weakened”, as it is called in COP slang, by not dealing with all coal and coal power plants – with or without carbon capture. The third semi-uplifting thing about the agreement is that all countries must strengthen their ambitions to reduce greenhouse gases.

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Crise climática e adaptação justa: o momento da verdade

Por Carla Gomes

A COP26 – Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas – realiza-se finalmente entre 31 de Outubro e 12 de Novembro, em Glasgow – e é aguardada com enorme expectativa. A pandemia da COVID-19, que forçou o adiamento da COP por um ano, veio agravar as desigualdades e sublinhar as limitações da solidariedade internacional, que há muito se tinham tornado evidentes na gestão da emergência climática. Enquanto os media internacionais enalteciam Portugal por ser o primeiro país a atingir 85% da população vacinada contra a COVID-19, um português com responsabilidades acrescidas, o secretário-geral da ONU António Guterres, considerava “inaceitável” o fosso entre os países ricos e pobres nas taxas de vacinação. A adaptação justa ganha agora ainda mais significado e sentido de urgência.

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Fishing in the Anthropocene

By: Joana Sá Couto

Humanity’s impact on planet Earth is undeniable. Despite the creation of a Geological Era called Anthropocene still being a controversial subject among scientists, the term has been used to discuss a period of time when human action becomes an inevitable subject to think about the terrestrial system, or even as written by Crutzen: humans as a great force of nature. But make no mistake. The Anthropocene does not mean the end of nature, but rather a possible turning point: more than ever we realize that humans are part of Nature and our life depends on a harmonious relationship between us and the life around us – we can enjoy the Anthropocene to reflect on this relationship and redefine it.

The concept of Anthropocene has, in fact, led to an ever-greater reflection on the question of the sustainability of everything: we humans are part of Nature and we have to preserve it, even though the political economic model in which we live formats us to search for profit and economic growth, which, even though contradictory, continues to be parallel to the sustainability agenda. Thus, depending on the perspectives and reflection of each author, as well as on their focus, others concepts derived from the notion of Anthropocene have arised, such as Capitalocene, Plantationocene, Carbocene, Manthropocene.

One of these others is Plasticene. Plastic is a synthetic material that has become a landmark of the Anthropocene, due to its distribution in marine and terrestrial environments, becoming a distinctive stratal component. The impact of plastics is varied, and has been increasingly analyzed. However, it is in the marine environment that its presence has been given more attention, as it appears on beaches, in the stomachs of fish and in fishing nets.

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O tema das alterações climáticas nos programas de Governo

Por: João Estevens

O ativismo ambiental e os movimentos de protesto transnacionais em defesa da justiça climática que ganharam força no final do século XX estão hoje bem estudados. Os anos de 2018 e de 2019 ficaram marcados por uma ‘nova’ mobilização social face à crise climática, destacando-se a participação de adolescentes e jovens adultos nos protestos. Greta Thunberg, a jovem ativista sueca, acabou por tornar-se num símbolo desta mobilização coletiva e por ser considerada a pessoa do ano pela revista norte-americana Time em 2019. Efetivamente, o tema das alterações climáticas parece ter ganho mais visibilidade no espaço público mediático na segunda metade da década passada. Também em Portugal os movimentos pela justiça climática têm estado muito ativos, lutando por diferentes causas globais e nacionais, exercendo pressão política e contribuindo para uma crescente consciencialização da sociedade portuguesa acerca do tema. Mas terá essa visibilidade transparecido nos objetivos delineados pelo Governo? É esta a pergunta que estrutura este texto, procurando aferir uma eventual alteração na formulação de uma estratégia de atuação governativa em relação ao tema nos programas de Governo de 2015 e de 2019, anos em que ambas as eleições legislativas levaram à tomada de posse de um Governo do Partido Socialista liderado pelo primeiro-ministro António Costa.

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Ambiente, Território e Sociedade na iniciativa “Ciências Sociais em Público”

Por: Mariana Liz

Foi inaugurada a 5 de abril de 2020 a parceria entre o ICS e o jornal Público: Ciências Sociais em Público. Todas as semanas, ao domingo, foi publicado um texto (online, e sempre que possível, também em papel) no suplemento do jornal P2, da autoria de um investigador, investigadora ou equipa de investigadores do ICS. Embora a iniciativa tivesse sido pensada antes do desenvolvimento da Covid-19, muitos dos textos foram necessariamente adaptados face ao que havia sido inicialmente planeado, quer quanto à forma de enquadrar os seus tópicos, quer quanto à escolha de abordagens a realidades que, entretanto, se alteraram. A iniciativa também ganhou uma nova dimensão quando estes textos se tornaram numa das poucas ferramentas à disposição de investigadores para a divulgação científica, numa altura em que, pelo menos em Portugal, tantos estavam confinados em sua casa.

Com o objetivo de poder transmitir resultados de pesquisa de forma clara e concisa a públicos diversos, 53 textos surgiram então até 4 de abril de 2021 sobre os mais diferentes tópicos de investigação, do cinema à alimentação, do racismo à imigração, e com as mais diferentes abordagens e perspetivas, da história à antropologia, da sociologia à ciência política. Oito destes textos foram escritos por investigadores que desenvolvem a sua pesquisa no seio do Grupo de Investigação “Ambiente, Território e Sociedade” (GI ATS). Este post é, assim, um resumo do trabalho publicado no âmbito desta iniciativa, e também um testemunho da abrangência dos temas e metodologias contemplados no trabalho dos investigadores que integram este GI.

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