Local voluntary carbon markets – what they are, how they went at COP26 and what to expect next

By: Jieling Liu & Lurdes Ferreira

1. Why focus on local voluntary carbon markets?

The Paris Agreement of 2015 set forth a global target of limiting the warming in this century to 2o C or even more ambitiously to just 1.5o C, in order to contain the catastrophic impacts of anthropogenic climate change planet Earth is facing. National governments voluntarily made respective emissions reduction targets called Nationally Determined Contributions (NDCs) to implement the Paris Agreement, of which the COP26 this year has welcomed the first update cycle. Voluntary carbon markets (VCM) emerged as a potentially effective tool to support the NDCs under Article 6 of the Paris Agreement as it encourages voluntary contribution.  

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Contestar, participar, debater Lisboa – Notas à margem do processo participativo para a requalificação da Praça Martim Moniz

Por: Roberto Falanga

Nós, cidadãs e cidadãos, temos como objectivo transformar a Praça Martim Moniz num espaço verde público”. É com este incipit que o “Movimento Jardim Martim Moniz” abre o seu manifesto em resposta à controvérsia que se desenrolou nos últimos anos sobre o uso desta praça.

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Gestão é tudo (SQN)

Por: Daniel Roedel

No Brasil, especialmente no Rio de Janeiro, é comum utilizarmos ao final de uma afirmação a expressão “só que não” (SQN). Trata-se de uma ironia que nega a certeza anterior e cria uma piada. Utilizei a expressão no título para abordar o tema da gestão que desde há alguns anos saiu dos estudos e debates da academia e das ações empresariais e entrou no cotidiano das pessoas em diversas localidades. Exemplos podem ser encontrados na entrevista do treinador de futebol em Portugal, que orgulhosamente declara que fez a gestão do banco de reservas; da terapeuta que destaca a necessidade da gestão das emoções; do atleta que enaltece a gestão do esforço. Associar a palavra gestão aos temas em questão parece indicar seriedade e profissionalismo, mesmo que não se saiba bem o que ela significa.

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A REDE METROPOLITANA DE PARQUES AGROALIMENTARES. READY TO GO.

Por: ICS FOOD HUB

1. Os sistemas alimentares no centro da agenda política

Os sistemas alimentares têm vindo a ganhar destaque na agenda política internacional como resposta ao contexto global de crise económica, climática, energética e pandémica. Olhar para a alimentação de forma sistémica permite, simultaneamente, atuar sobre a saúde humana, ambiental e económica do planeta. Neste sentido, as Nações Unidas organizaram, em 2021, a Cimeira dos Sistemas Alimentares, em linha com a Estratégia do Prado ao Prato no âmbito do Pacto Ecológico Europeu para a próxima década.

Caminhar neste sentido pressupõe que possamos entender o alimentar para além do alimento, a alimentação para além do setor de produção agroindustrial e, em particular, ampliar o impacto do planeamento alimentar do nível local para escalas mais alargadas, muito com base em redes de cidades que, cada vez mais, prosseguem abordagens neste âmbito, tanto na Europa como a nível global. Este objetivo decorrerá das decisões tomadas a favor da transição alimentar, o que implica intervir num sistema multi-ator complexo, de base territorial, que relaciona o produtor com o consumidor de alimentos, sempre numa ótica de sustentabilidade e de valorização dos serviços dos ecossistemas (Fig. 1).

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SHIFT – Grupo de Investigação Ambiente, Território e Sociedade: da construção de uma marca à consolidação de uma agenda científica

Por: Mónica Truninger

Durante o ano de 2021, o grupo de investigação Ambiente, Território e Sociedade iniciou o processo de criação de uma marca. Sentia-se falta de comunicar melhor para o público, académico e não académico, as atividades científicas do grupo, e siglas como ATS (Ambiente, Território e Sociedade) ou GiATS (Grupo de Investigação Ambiente, Território e Sociedade) não cobriam, de forma satisfatória, esta necessidade. Depois da realização de uma consulta aos membros do grupo e de se proceder à votação de um conjunto de palavras (algumas sugeridas pelos próprios membros, como por exemplo, SHIFT, SHARE, RESET, SHAPE, GROW), SHIFT foi a expressão escolhida. Com base nesta palavra – um verbo que orienta para uma ação dinâmica que sugere mudança, transformação, transição –, foi elaborado o logotipo do grupo.

Figura 1 – Logotipo do SHIFT: Grupo de Investigação Ambiente, Território e Sociedade.
Designer: Bárbara Barbedo.
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Nós e a Internet: as perceções dos cidadãos sobre os desafios da sociedade digital

Por: João Estevens, Jussara Rowland, Ana Delicado

Os impactos das profundas transformações em curso são sentidos nas formas de participação cívica, no desenvolvimento de comunidades virtuais, na interação com serviços públicos, no trabalho, entre outros. Estes impactos também reforçam as clivagens sociais e fazem surgir novos desafios associados à gestão de dados, à inteligência artificial ou às interações interpessoais.

O tema da internet é multidimensional, apresentando uma governança complexa. No início do século XXI foi criada uma estrutura internacional para promover o diálogo político entre stakeholders (governos, setor privado, sociedade civil), o Internet Governance Forum. O IGF realiza reuniões anuais e, apesar de não ter autoridade para tomar decisões, formula recomendações sobre a governança da internet. Discute-se atualmente como deverá evoluir o IGF de forma a ter uma atuação mais efetiva e democrática na resposta aos desafios digitais. É este o contexto do projeto internacional Nós e a Internet, promovido pela Missions Publiques por solicitação do Painel de Alto Nível das Nações Unidas para a Cooperação Digital . Em 2020 realizaram-se uma consulta mundial a stakeholders e um Diálogo Global de Cidadãos, que teve lugar em mais de 70 países, tendo como objetivo recolher as opiniões de cidadãos sobre como deve ser regulada e governada a internet, reduzidos os seus riscos e incrementados os seus benefícios. O ICS-ULisboa participou neste projeto, colaborando na moderação do debate mundial de stakeholders e organizando o Diálogo de Cidadãos em Portugal.

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PhD SHIFTHub: how adversities can be a catalyst for change

By: PhD SHIFTHub

Being a PhD student during a global pandemic is not easy: from the already personal and academic dreadful isolation to the increasing competition between peers, the lack of funding and deterioration of mental health become ever more prominent.

Hence, some ICS doctoral students decided to break the silence and call for a more supportive model of co-existence in academia.

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Mulheres camponesas no Sul do Brasil: transições agroecológicas mudando vidas

Por: Siomara Marques

Os movimentos de mulheres rurais no Brasil tiveram origem nos anos 1980, período de “reabertura” à democracia, e momento pelo qual o país passava por intensa mobilização social e retorno dos movimentos civis, entre eles o feminista, o sindical e mais tarde o ecológico. Organizadas em movimentos específicos como no Movimento de Mulheres Camponesas (MMC) ou nos movimentos mistos como Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), as mulheres trabalhadoras rurais no Sul do Brasil, influenciadas pelo feminismo, mas também pelo movimento sindical, iniciam sua trajetória reivindicando reconhecimento profissional como trabalhadoras rurais e não mais como “do lar”, bem como o direito à previdência social (aposentadoria). A partir daí, através da sua mobilização, as mulheres rurais brasileiras foram obtendo outros direitos, como a titularidade conjunta da terra ou a licença de maternidade. Na atualidade, somam-se às lutas feministas as lutas de enfrentamento ao racismo e à violência contra a mulher. Na agricultura, elas estão incorporando a prática agroecológica de produção de alimentos e de preservação do meio ambiente.

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O Papel da Sociologia no Nosso Futuro Comum

Por: Susana Fonseca

Existimos num planeta como não há outro (que seja do nosso conhecimento), que nos proporciona condições extraordinárias para sermos quem somos e podermos explorar todo o nosso potencial. Contudo, a relação que estabelecemos com a base que permite a nossa existência é tudo menos a que deveria ser. Usamos e abusamos da generosidade inerente ao planeta em que vivemos, sem respeitarmos os limites que nos surgem de forma cada vez mais evidente. Arrogantemente avançamos numa lógica de conquista e exploração, perseguindo objetivos de acumulação numa visão muito estreita de crescimento económico, pouco inclusivo e tendente à acumulação em determinadas franjas da sociedade.

Não haverá sociedades, nem economia, se não existirem os recursos naturais e os serviços ambientais generosamente fornecidos pelo único planeta conhecido em todo o universo como tendo condições para albergar vida. Nenhum de nós pode existir se não houver ar para respirar, água para beber, solo para cultivar os alimentos, entre muitos outros “recursos” de que dependemos totalmente. É importante não esquecer que o Planeta Terra vive bem sem a espécie humana, mas já o contrário…

É tempo de questionar a necessidade, a pertinência, a sustentabilidade das nossas opções e não apenas se elas são mais eficientes. Estamos perante uma mudança civilizacional, uma nova era. Mas como é que podemos dar passos firmes rumo a essa nova era, como podemos impulsionar a mudança necessária e construir uma sociedade do bem-estar, dentro dos limites do planeta?

Recentemente fui desafiada a pensar sobre a forma com a Sociologia e a Ecologia se interligam e podem ser aliadas na construção do caminho identificado no parágrafo anterior. Muito embora há muitos anos me divida entre a Sociologia e o ambientalismo, sempre procurei diferenciar estas duas áreas, distanciando-as na procura de evitar “contaminações”, em particular da última para a primeira.

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From Fixing to Healing: A Traditional Medicine approach to Climate Change

By: Fronika de Witt

“A daunting task lies ahead for scientists and engineers to guide society towards environmentally sustainable management during the era of the Anthropocene. This will require appropriate human behaviour at all scales, and may well involve internationally accepted, large-scale geo-engineering projects, for instance to “optimize ” climate.”

Paul Crutzen, “Geology of Mankind”, 2002

“Being an Onanya is not only about healing: it is about treating well our territory, love for our family, for the forest, plants and biodiversity.”

First Shipibo Konibo, Xetebo’ Traditional Medicine Convention, 2018

The citations above highlight tensions in dealing with current planetary challenges, such as climate change, deforestation, and biodiversity loss. The first epigraph comes from a highly cited article in the scientific journal Nature by the Dutch scientist Paul Crutzen, who coined the term ‘the Anthropocene’: our current geological epoch with significant human impact on the environment.

The second epigraph are words from a Shipibo shaman, an indigenous people that lives alongside the Ucayali river in the Peruvian Amazon. In 2018, I spent three months in the Peruvian department of Ucayali to conduct fieldwork for my doctoral research on Amazon climate governance and indigenous knowledge. In general, my fieldwork was a very enriching experience, but the “cherry on the pie”, in terms of indigenous perspectives on climate change, was an invitation for the first “‘Shipibo Konibo, Xetebo’ Traditional Medicine Convention”, where I heard the above words.

In this post, I depict some of the Convention’s main insights. However, first I elaborate more on the tension between the two epigraphs, or, as the Colombian-American anthropologist Arturo Escobar puts it: the tension between modernist and ontological politics.

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