Reflexões sobre uma experiência de colaboração interdisciplinar no projeto SafeConsume

Por: Luís Junqueira, Alexandre Silva, Mónica Truninger

No nosso último post apresentámos parte do trabalho desenvolvido no ICS-ULisboa no âmbito do projeto europeu SafeConsume. O projeto tem também uma componente de impacto que incluiu, entre outras, uma tarefa de avaliação de materiais pedagógicos dirigidos a alunos entre os 11 e 18 anos e que seriam testados em colaboração com escolas dos países participantes (para além de Portugal, Reino Unido, Hungria e França). O protocolo de avaliação incluía uma aula sobre segurança alimentar dada por um professor com recurso aos materiais, bem como duas atividades de diagnóstico, a serem repetidas depois da aula para comparação: um questionário de teste de conhecimentos e uma atividade de observação prática. A tarefa foi liderada pela equipa do ICS, com a colaboração das equipas da Public Health England, do Centro Hospitalar Universitário de Nice e da Universidade de Medicina Veterinária de Budapeste. Iniciado em abril de 2020, o trabalho de campo desenrolou-se já em plena pandemia, o que perturbou bastante a realização das atividades nas escolas.

Para além do impacto da pandemia, o grande desafio foi o de negociar um protocolo entre investigadores com práticas de trabalho muito distintas. As nossas anteriores experiências de colaboração nas ciências sociais foram também pautadas por divergências, mas há um fundo comum às ciências sociais, produto de um legado histórico de diálogo e de partilha de referenciais (conceitos, linguagem, metodologias de trabalho, etc). Apesar de alguma proximidade das experiências no trabalho científico e académico, as diferentes abordagens metodológicas nas ciências sociais e nas ciências naturais/da saúde refletem também divergências profundas nas representações sobre a ciência e nas práticas de trabalho científico ou, se quisermos, diferentes culturas científicas (ou epistémicas).

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El Cambio Climático en los hombros de las Ciencias Sociales

Por Mercedes Pardo-Buendía

Las evidencias del Cambio Climático no dan lugar a duda: 1) el aumento de la temperatura media de la superficie del planeta desde la industrialización en alrededor de 0,85ºC; 2) la disminución del hielo en el Ártico (3,5-4,1% por década en el periodo 1979 a 2012 e importantes cambios en la Antártida): 3) la subida del nivel del mar (0,11°C por década hasta los 70 metros de profundidad, en el periodo 1971-2010).

Las consecuencias de esas evidencias abarcan asuntos tan graves como el aumento de fenómenos climáticos extremos, como son las olas de calor que, con muy alta probabilidad, serán más frecuentes y durarán más tiempo, tormentas y huracanes, entre otros. Dentro de estos fenómenos no lineales – lo cual añade mayor riesgo – tenemos la reaparición del fenómeno de El Niño.

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European funds for interdisciplinarity and the social sciences and humanities: lessons to be learnt?

By Olivia Bina

In January 2017, as part of the COST Action INTREPID on the role of interdisciplinarity in research programming and funding, we organised an international conference to discuss the status of the social sciences and of interdisciplinarity in occasion of the 20th anniversary of the Gulbenkian Commission’s publication: Open the social sciences: Report of the Gulbenkian Commission on the restructuring of the social sciences (1996).

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Immanuel Wallerstein keynote. Photo: João Cão

As part of this event, we planned a Special Session to discuss the status and challenges of the social sciences and humanities (SSH) and interdisciplinarity in European Funding. This included six invited speakers and discussants, followed by a workshop designed as a world café session, aimed at identifying a range of recommendations towards informing the next programming period (FP9) from the perspective of interdisciplinarity, SSH and responsible research and innovation (RRI), and possibly contributing to improvements for the final programming stage of H2020 (2018-2020) and input to FP9. A policy brief will soon be published on INTREPID’s website, detailing all recommendations. Here, I’d like to focus on the main areas of discussion, concern and recommendation around interdisciplinarity and SSH. Continuar a ler

Quando 1+1>2: a problemática da interdisciplinaridade nos estudos sobre questões ambientais

As questões ambientais são reconhecidamente complexas, levando à necessidade de trazer para este domínio disciplinas de diferentes campos do saber de forma a garantir uma visão holística e proporcionar novas soluções para estas problemáticas. Neste contexto, a interdisciplinaridade é um importante caminho a seguir. O reconhecimento de uma abordagem interdisciplinar nas questões ambientais tem cerca de 4 décadas. A conferência de Estocolmo (1972), marco essencial nas políticas de proteção ambiental, e mais tarde a conferência de Tbilisi (1976), a primeira conferência sobre educação ambiental, chamam a atenção para a necessidade de acionar os diferentes saberes no que toca à proteção do ambiente.

Embora se reconheça a importância de combinar diferentes disciplinas no sentido de encontrar as respostas mais adequadas às questões ambientais esta não é uma tarefa fácil. A dificuldade começa, desde logo, na definição dos conceitos. Muitas vezes o termo interdisciplinaridade é utilizado de forma indiferenciada, juntamente com conceitos como multidisciplinariedade, transdisciplinaridade ou pluridisciplinaridade. Neste sentido, qualquer tentativa de abordar este tema terá de começar por esclarecer as diferenças entre eles.

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