A aquisição em larga escala de terras em países em desenvolvimento teve um aumento notório na última década, impulsionada pelas crises climáticas e do preço dos alimentos, bem como pela liberalização dos mercados. A tese “A justice approach to the African ‘land rush’: Investigating the social dynamics around agricultural investments in Mozambique”, que defendi na Universidade de East Anglia em 2017, em co-tutela com a Universidade de Lisboa, aborda esta problemática a partir de dois estudos de caso realizados em Moçambique, um dos países que mais têm atraído investidores estrangeiros. Continuar a ler →
Neste pequeno artigo pretendo dar a conhecer as vicissitudes inerentes a conduzir investigação sobre a economia política de Moçambique e assuntos similares num ambiente em que os responsáveis por fontes escritas e orais têm receio de prestar declarações ou fornecer documentos que sejam fulcrais para que o investigador obtenha resposta às suas questões de pesquisa.
Maputo, capital e maior cidade de Moçambique. Fonte: Wikipédia
Neste tipo de economia política, as elites dominantes que ocupam posições-chave no partido, na administração pública, militar e económica possuem uma tendência de manter o poder através da ‘reciclagem’, entre posições no partido, governo, instituições do Estado e parlamento, bem como na criação de ‘arranjos políticos’ no seio dos vários segmentos das elites governantes. Estas elites podem ser consideradas como sendo agentes que estão para se servirem a si próprios e que consolidam o poder organizando grupos de clientes, oferecendo-lhes determinados benefícios (financeiros, organizacionais, económicos, etc.) e acesso aos recursos em troca do seu apoio.