Corrida ao Espaço, Extrativismo e Crise Climática: entre invisibilidades, ficção científica e a realidade

Por: Mónica Truninger

A velocidade com que a indústria espacial se tem desenvolvido nas últimas décadas é impressionante. Enquanto as atenções têm sido direcionadas para múltiplas crises internacionais graves nos últimos anos, desde a crise das dívidas soberanas até à pandemia de COVID-19 e ao atual conflito armado entre a Rússia e a Ucrânia, o setor espacial continua a avançar a passos largos. Impulsionado por saltos tecnológicos surpreendentes, esse avanço ocorre de forma quase silenciosa e imperceptível, exceto pelo som ocasional dos motores dos foguetões, que podemos testemunhar através dos ecrãs vibrando com a euforia das equipas que festejam mais um lançamento em direção à Lua ou a Marte.

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O Regresso à Lua e os Desafios Criativos para as Ciências Sociais

Por Mónica Truninger

No ano em que se celebram os 50 anos da ida dos primeiros seres humanos à Lua participei na organização de um workshop interdisciplinar com colegas das ciências sociais e naturais do Reino Unido e da Alemanha, que teve lugar em maio na Universidade de Manchester. Juntaram-se antropólogos, sociólogos, investigadores de ciência e tecnologia, bem como geólogos planetários, astrónomos e astrofísicos para apresentar quinze comunicações em torno do tópico geral A Lua como Ponto de Contacto com Outros Mundos. Continuar a ler

A Aldeia Lunar: “Um pequeno passo para um homem, um salto gigantesco para a humanidade”

Autoras: Mónica Truninger e Vera Assis Fernandes

(english version)

E se um dia houvesse uma base permanente na Lua? Em vez dos ‘pequenos passos’ de Neil Armstrong e dos outros 11 astronautas das missões da Apólo que pisaram a Lua nos anos 60 e 70 do século passado, teríamos vários passos na construção e no uso de uma Aldeia Lunar (Moon Village) – diríamos um ‘salto gigantesco’ para a humanidade… E será?

Imagem2.pngFonte: Nascer da Terra, Apollo 8, NASA.

Esta Aldeia Lunar seria composta por infraestruturas, edifícios, habitações e hotéis, veículos e, quem sabe, explorações agrícolas para produção alimentar, cadeias de supermercados, cafés, pastelarias e até bares construídos sobre o regolito lunar ou dentro de tubos de lava, com a ajuda de impressoras 3D, robots e cyborgs. Se esta imagem caricatural parece retirada de um livro de ficção científica espacial, dos trabalhos de Andrei Sokolov e de Pavel Klushantsev, entre outros, sobre cidades soviéticas na Lua, ou da série televisiva Espaço 1999, na cabeça de muitos cientistas planetários, de responsáveis dos países ou regiões envolvidos na ‘velha’ e na ‘nova’ corrida ao espaço (EUA, Rússia, China, Japão, Índia, Europa, Canadá) e de empresários ‘lunáticos’ que apostam no próximo grande investimento – o turismo espacial –, a construção de uma Aldeia Lunar está a passar de um sonho a um projecto concreto que envolve milhares de milhões de euros. Continuar a ler