Soberania da terra em agro-territórios deprimidos e contestados: Portugal v. Brasil

Por: Lanka Horstink, Kaya Schwemmlein e Gabriela Abrahão Masson

Nota: por opção das autoras, este texto não segue o acordo ortográfico.

O presente post apresenta um resumo dos resultados de uma análise crítica comparativa das políticas fundiárias nos sistemas agro-alimentares de duas regiões rurais marginalizadas em dois países de continentes diferentes com uma história interligada: Portugal e Brasil. A apresentação completa dos estudos de caso e da análise da “qualidade de soberania da terra” pode ser encontrada aqui (em inglês).

Nos últimos anos, as finanças globais, a procura de recursos em sectores como a energia e alimentação e a necessidade de mitigar as alterações climáticas alteraram profundamente as agendas de desenvolvimento sustentável. Esta transformação trouxe desafios interligados, como a concentração de recursos e a monopolização de elementos essenciais, como a água, a terra, a energia e a agricultura (e.g., Dunlap, 2024). Investigadores, como Borras e Franco (2012) e GRAIN (2016), destacaram a natureza multifacetada destes problemas.

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Uma análise crítica da inovação na Agricultura 4.0

Por: Lanka Horstink

A inovação tecnológica tem ganho preponderância enquanto solução principal para os problemas da sustentabilidade da agricultura. O conceito “Agricultura 4.0” reúne abordagens como a agricultura de precisão, agricultura inteligente, agricultura digital, agricultura vertical, e bioeconomia sustentadas em tecnologias recentes como a robótica, inteligência artificial, blockchain, internet das coisas, edição genética, proteínas sintéticas e nanotecnologia.

A Agricultura 4.0, enquanto expoente de uma 4ª revolução industrial, pretende uma “fusão de tecnologias que esbate as linhas entre as esferas física, digital e biológica.” São exemplos desta fusão, a biologia sintética que faz crescer carne a partir das células estaminais extraídas dos fetos de vacas e os organismos geneticamente modificados pela tecnologia CRISPR/Cas, que promete rapidez, facilidade e custos reduzidos na eliminação/alteração de genes indesejados. Estas tecnologias só foram possíveis graças aos avanços na computação que permitem, por exemplo, descodificar e digitalizar genomas inteiros numa questão de dias.

Foto de James Baltz no site Unsplash
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Navegar a tensão entre ciência e movimentos sociais: notas a partir da soberania alimentar

Por Rita Calvário

A cada dois anos realiza-se o Colóquio sobre Estudos Agrários Críticos. Este encontro junta investigadore/as que trabalham, numa perspetiva crítica e socialmente comprometida, temas ligados à agricultura, mundo rural e alimentação com ativistas e movimentos sociais. O objetivo é proporcionar um espaço de debate que promova a reflexão crítica e a coprodução de conhecimento e contribua para avançar as lutas por um sistema agroalimentar global mais equitativo, democrático e ecológico. Este é também um espaço onde muitas das tensões que ocorrem na relação entre academia e movimentos sociais se tornam visíveis, mesmo que nem sempre de forma explícita.

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Foto de sessão plenária do Colóquio. Fonte: Elikadura21

Este ano foi o País Basco a acolher a organização do Colóquio n.º 7 (24 a 26 de Abril), aproveitando o facto de ser aqui que se vai realizar a VII Conferência Internacional da Via Campesina, de 15 a 24 de Julho de 2017. Continuar a ler